segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A CIÊNCIA DOS MAIAS

O povo maia tem origem incerta, mas antigas escrituras podem ligá-la ao platônico povo atlânte. Os maias se instalaram onde hoje é o sul do México, a Guatemala e Honduras por volta do ano 1000 a.C. A sucessão de descobertas arqueológicas, a partir do século passado, indica o desenvolvimento de uma das mais notáveis civilizações do Novo Mundo, com arquitetura, escultura e cerâmica bastante elaboradas. Sem dúvida nenhuma, essa civilização se baseou nos conhecimentos das culturas arcaicas, anteriores mesmo ao século X a.C.. Mas, foi a decifração dos ideogramas da escrita maia que permitiu reconstituir parcialmente a história deste povo magnífico. A história dos maias pode ser dividida em três períodos: o pré-clássico (1.000 a.C. a 317 d.C.); o clássico ou Antigo Império (até 889 d.C.); e o pós clássico ou Novo Império (também conhecido como "renascimento maia" até 1697). Da idade pré-clássica pouco se conhece, mas pode se afirmar que, neste período, já existia uma estrutura social e religiosa como uma classe sacerdotal especializada em matemática e astronomia. Provavelmente, foi nessa época que foi criado o calendário maia. O fim da idade pré-clássica e o começo da idade clássica foram estabelecidos com base nas primeiras datas que puderam ser decifradas nos monumentos.

As Ruínas de Copán, a oeste de Honduras, foram descobertas em 1570 por Diego Garcia de Placio. Um dos locais mais importantes da civilização maia, estas Ruínas não foram escavadas até o século XIX. Suas fortalezas e praças públicas imponentes caracterizam suas três fases principais de desenvolvimento, antes que a cidade fosse abandonada no início do século X.

Os avançados conhecimentos que os maias possuíam sobre astronomia, como eclipses solares e movimentos dos planetas, e sobre matemática, lhes permitiram criar um calendário cíclico de notável precisão. Na realidade são dois calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de 365 dias. O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias livres. Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 anos, ou então a "conta longa", que principiava no início da era maia. Eles determinaram com exatidão incrível o ano lunar, a trajetória de Vênus e o ano solar (365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45 segundos). Inventaram um sistema de numeração com base 20 e tinham noção do número zero, ao qual atribuíram um símbolo.

Os maias utilizavam uma escrita hieroglífica que ainda não foi totalmente decifrada. Os cientistas, estudiosos da civilização maia, comprovaram que os antigos fizeram muitas observações do Sol, durante sua passagem pelo zênite, na praça cerimonial de Copán. Esta descoberta reafirma que os maias foram grandes astrônomos e que viveram seu período de esplendor entre os anos 250 a 900 d.C.. Durante os solstícios e os equinócios, a posição do Sol gera alinhamentos especiais entre os vários monumentos, altares e outras estruturas da principal praça do sítio arqueológico maia de Copán.

Hoje, o vale de Copán, como outros sítios arqueológicos, é declarado Patrimônio da Humanidade, resguardando o centro dos cerimoniais da civilização maia, que floreceu na América Central no primeiro milênio da Era Cristã.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Qual a melhor forma de recolher e reciclar pilhas e baterias e que prejuízos o descarte pode provocar no meio ambiente?

A forma ideal para o descarte de pilhas e baterias usadas é depositá-las em pontos específicos de coleta seletiva, que as encaminham aos fabricantes ou a empresas especializadas em reciclagem, dando assim uma destinação final ambientalmente adequada. Enquanto a coleta específica não se torna uma realidade no país, o mais sensato é que o consumidor entregue esses produtos a organismos que adotaram campanhas de recolhimento, como, por exemplo, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), no Rio de Janeiro, e uma rede bancária que implantou um sistema de coleta em suas agências. O material assim recolhido vai para aterros industriais, destinados a materiais perigosos ao ambiente.

O descarte de pilhas no lixo doméstico é um fato extremamente grave e, com o passar do tempo, ocorre inevitavelmente a contaminação de plantas, solos e lençóis freáticos, devido à corrosão da blindagem da pilha (invólucro externo de aço) disposta em aterros ditos ‘controlados’ e lixões.

Pilhas e baterias precisam receber uma destinação especial, pois apresentam metais pesados tóxicos, como chumbo, cádmio, mercúrio, níquel, além do eletrólito (solução condutora de eletricidade), que é corrosivo. Esses metais pesados liberados no ambiente após a corrosão do produto usado têm a propriedade de bioacumulação por meio da cadeia alimentar, gerando efeitos tóxicos no organismo humano e de outros animais.

Hoje, graças a pressões políticas e a novas legislações ambientais que regulamentam a destinação de pilhas e baterias em diversos países do mundo, alguns fabricantes já recolhem os produtos usados. Há diferentes processos de reciclagem em escala comercial. Em um deles, os compostos voláteis tais como água, produtos orgânicos e mercúrio são separados da fração metálica, concentrados, tratados e levados a um destino final.

Uma boa medida para evitar a contaminação ambiental é o uso de produtos recarregáveis em substituição aos modelos de uso único, pois a geração de resíduos contendo metais pesados por unidade de tempo é muito menor (da ordem de 100 vezes menos). O problema é que o custo inicial dos produtos recarregáveis é elevado. Embora esse custo seja amortizado ao longo do tempo, grande parte da população não tem poder aquisitivo para comprá-los.


Júlio Carlos Afonso
Instituto de Química,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desafio para a física: turbulência

Um dos problemas mais desafiadores da física atual está ligado a um fenômeno de grande familiaridade em nosso dia-a-dia: a turbulência. O fluxo turbulento produzido em um jato de água na torneira ou a trepidação inconveniente que por vezes sentimos nas viagens de avião escondem uma física intrigante, da qual ainda há muito a se conhecer. Os desafios para a compreensão desse fenômeno – que por isso mesmo já foi chamado de ‘o último dos problemas clássicos’ em aberto – são o tema do artigo de capa da CH de outubro