domingo, 30 de agosto de 2009

Bombeamento com Vapor


O texto a seguir é da autoria de
Prof. Luiz Ferraz Netto
leobarretos@uol.com.br

No século dezessete, a infiltração de água nas minas profundas tinha-se tornado um sério problema econômico e tecnológico, ameaçando a ruína das minas de carvão e estanho da Inglaterra. Então, subitamente, descobriu-se que o vapor podia ser usado como uma fonte de energia para bombear essa água estagnada para fora da mina.

O primeiro passo naquele sentido foi dado em 1650 por von Guericke, que descobriu que um 'vácuo' podia ser usado para transmitir energia a uma distância considerável. Seu aparelho, "a máquina pneumática de von Guericke", está ilustrado abaixo



Quando o pequeno pistão (observe a figura -a-) é empurrado para baixo, a válvula A permite que uma parte do ar do cilindro escape para a atmosfera. Quando o pistão sobe (observe a figura -b-), a válvula A levanta-se, isolando o tubo da atmosfera. Um vácuo parcial é então produzido nos dois cilindros e no tubo de conexão. Isto significa que a pressão sob o pistão grande é menor que a pressão atmosférica na parte superior do pistão. Essa diferença de pressão desenvolve forças, cuja resultante empurra, para baixo, o pistão grande, dessa maneira levantando o peso preso na corda que passa pela polia. Muito mais tarde, o princípio foi utilizado em milhões de freios 'a vácuo' de carros ferroviários, em todo o mundo. Não obstante, o aparelho de von Guericke era apenas um meio de transmitir energia, não se destinando a produzir trabalho útil.

O passo seguinte foi dado pelo Marquês de Worcester em 1663, e aperfeiçoado por Savery em 1698. Essas antigas máquinas de calor eram aparelhos nos quais era criado um 'vácuo' por meio do enchimento de um espaço vazio com vapor, fazendo-o, a seguir, condensar-se por resfriamento. Podemos facilmente convencer-nos de que podem ser desenvolvidas grandes forças por meio do vácuo. Basta simplesmente colocar um copo de água em uma lata vazia de um galão e fazê-la ferver. Logo que o vapor encher a lata, tire-a do aquecedor e feche rapidamente a abertura. Quando o vapor se resfriar, ele se transformará em água novamente, criando um vácuo parcial na lata. A pressão atmosférica fará o resto, amassando lentamente a lata, até transformá-la em uma massa de metal retorcido. A versão 'moderna' desse experimento é feito com uma lata de refrigerante, vazia; ponha duas colheres de água na lata e coloque sobre o fogo para ferve-la e, após a franca ebulição da água inverta rapidamente a lata sobre a água fria contida num prato --- e deixe que a pressão atmosférica amasse completamente a lata!

A "máquina de fogo" de Savery utilizava-se das enormes forças originadas pelo peso da atmosfera. O princípio básico é o ilustrado abaixo.



Todas as quatro válvulas, A, B, C e D, estão inicialmente fechadas, e o vapor é gerado na caldeira. As válvulas A e B são então abertas, e o vapor penetra no condensador, forçando a água ali existente a passar para o reservatório, elevando seu nível. Fecham-se então as válvulas A e B, abrindo-se as válvulas C e D. Esta última (D) esguicha água fria no condensador, resfriando o vapor, fazendo-o condensar-se. Isto cria um 'vácuo' no condensador, e a pressão atmosférica força a água do tanque inferior para o condensador, passando pela válvula C. O consumo determinado pela água que escoa por D é pequeno. O ciclo é repetido inúmeras vezes, de maneira a fazer passar um grande volume de água para o reservatório.

O golpe de gênio de Thomas Newcomen em 1712 foi combinar o pistão como um meio de aproveitar tanto a expansão do vapor (na subida), como o vácuo repentino devido à condensação do vapor (na descida). A "máquina de vapor de Newcomen" está ilustrada abaixo.



Agora temos apenas duas válvulas, A e B. O pistão é conectado a uma travessa superior, que também está ligada à haste de uma bomba d'água, pelo outro lado (não representada na figura). Abrindo-se a válvula A, o vapor proveniente da caldeira é admitido no cilindro, sob pressão, e leva o pistão até o ponto mais alto de seu percurso. Então, A é fechada e B é aberta, entrando no cilindro um borrifo de água fria, proveniente do reservatório, condensando o vapor e criando o 'vácuo' nesse cilindro. A pressão atmosférica força então o pistão para o extremo inferior de seu curso, acionando desta maneira a bomba d'água (do tipo 'aspirante') ligada ao outro braço do travessão. Essa bomba é quem 'suga' a água da mina.
A engenhosidade de Newcomen criou a máquina a vapor como um engenho prático, suficientemente poderoso e capaz de salvar muitas minas inglesas das inundações. Durante cinqüenta anos que se seguiram, sua máquina foi usada para bombeamento, sempre que não havia energia hidráulica à disposição.

A principal desvantagem da máquina de Newcomen para outros propósitos era seu grande consumo de combustível. Usando das unidades inglesas da época, para um "bushel" de carvão, a máquina podia elevar 5 a 6 milhões de "libras" de água a uma altura de um "pé". (Ou um peso menor de água a uma altura correspondentemente maior.)
Muito mais tarde, Watt construiu máquinas a vapor que produziam três ou quatro vezes aquele trabalho útil, para o mesmo consumo de combustível.

Na época de Newcomen, não se compreendeu que a eficiência de uma máquina a vapor pode ser melhorada com o emprego dos princípios científicos do desenho. Não havia tabelas de desempenho, com as quais comparar o trabalho realizado pela máquina e o combustível consumido. Não havia um meio de saber se a máquina havia atingido seu limite de eficiência, ou se existia de fato qualquer limite. O desempenho das máquinas a vapor não pôde ser considerado mais efetivamente até que se ficou conhecendo mais a respeito da natureza do calor.

Os primeiros termômetros
O desenvolvimento do termômetro como instrumento científico começou com Galileu, no século dezessete. Seu primitivo instrumento indicador de temperaturas foi realmente um termoscópio e não um termômetro, porque não dispunha de escala com a qual se pudesse obter uma leitura numérica. Um "termoscópio" simples é meramente um frasco invertido em uma tina de água, conforme ilustramos abaixo.



As mudanças de temperatura de um ambiente são indicadas pela elevação ou queda do nível de água no gargalo do frasco. Quando a temperatura se eleva, o ar existente no frasco se expande, forçando a água para uma posição mais baixa no frasco fixo. Ao resfriar-se, o ar contrai e a pressão atmosférica provoca a elevação do nível da água.

Cedo se descobriu que as variações da pressão barométrica de dia para dia provocam variações correspondentes no volume do ar encerrado. Um líquido, por outro lado, não sofre mudança significativa de volume, quando varia a pressão. Diz-se que estes são "incompressíveis". Conquanto suas mudanças de volume com a variação da temperatura sejam insignificantes, elas podem ser medidas facilmente em um tubo estreito. Assim vieram os líquidos --- como a água e o álcool --- a ser usados como fluidos termométricos, em vez do ar (ilustração acima, à direita).

O termoscópio transformou-se em termômetro quando lhe foi acrescentada uma escala, de maneira tal que pudesse ser lida a altura da coluna de líquido. Essas leituras numéricas representam determinado número de "graus" de frio ou calor. Inicialmente, esses "graus" eram diferentes para cada termômetro --- cada fabricante selecionando um esquema numérico conveniente, de acordo com seu próprio capricho. Para que se pudessem comparar as leituras dos "graus de calor" dos diferentes termômetros, tornou-se desejável adotar uma escala padrão de temperatura.

Quando Newcomen estava fabricando suas primeiras máquinas, Daniel Fahrenheit (1686 - 1736) estava trabalhando para melhorar os termômetros. Estabeleceu uma escala padrão de temperaturas e fez uso generalizado do mercúrio em seus instrumentos. Até 1721, ele tinha construído seu primeiro termômetro de mercúrio, confirmando o fato de que a água entra em ebulição a uma temperatura aproximadamente constante. Atribuiu corretamente as ligeiras variações do ponto de ebulição às mudanças de pressão atmosférica.
Fahrenheit utilizou a temperatura de uma mistura de água, gelo e sal para representar o ponto zero de sua escala. Um segundo ponto de calibração em sua escala foi o dos "96o", que ele selecionou como a temperatura do corpo humano são. Quando essa escala foi estendida, apresentou a temperatura de 212o como o ponto de ebulição da água. Estranhamente, Fahrenheit não utilizou a temperatura de ebulição da água como um "ponto fixo" em sua escala.

Este passo foi dado em 1742 pelo astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744), de Upsala. A escala de seu termômetro tinha dois "graus de calor" fixos: a temperatura de uma mistura de água e gelo e a temperatura de ebulição da água. O instrumento foi primeiramente colocado na água gelada, sendo feita uma marca no nível ao qual desceu o mercúrio. Foi depois mergulhado no vapor d'água em ebulição, sendo feita uma segunda marca. A escala entre os dois pontos foi então dividida em cem partes iguais --- cada uma correspondendo a um "grau de calor". Mas Celsius colocou seu zero no ponto de ebulição da água, e a marca dos 100o no ponto de fusão do gelo. Tal arranjo invertido evitou o uso de números negativos para as temperaturas abaixo do ponto de congelamento da água. A escala centígrada que foi utilizada posteriormente até 1938, é justamente ao contrário, com as temperaturas aumentando para cima, em vez de para baixo. Desde 1938 seu nome científico é "escala Célsius". O correto é, por exemplo, "20 graus Célsius" e não "20 graus centígrados".

A ilustração abaixo mostra as escalas Célsius e Fahrenheit lado a lado, para permitir uma comparação

As temperaturas podem ser convertidas de uma escala para a outra com auxílio da seguinte relação:

C/5 = (F - 32)/9
ou
F = (9/5)C + 32 e C = (5/9)(F - 32)

onde o F se refere às leituras na escala Fahrenheit, e o C, às leituras na escala Célsius.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Astronauta conserta"retina" do Hubble


Os astronautas do ônibus espacial Atlantis conseguiram consertar neste domingo (17) um dos principais aparelhos de imageamento do Telescópio Espacial Hubble: seu espectrógrafo, um instrumento que decompõe a luz em seus comprimentos de onda e é fundamental para descobertas científicas.

O reparo foi feito durante uma caminhada espacial de 8 horas, na qual os astronautas Michael Massimino e Michael Good tiveram de executar uma tarefa inglória: remover manualmente, um por um, 111 rebites que prendiam a tampa do aparelho.

O espectrógrafo, que pifou em 2004, não foi feito para ser consertado no espaço, então a dupla teve de levar uma chave-de-fenda elétrica feita sob medida para realizar a tarefa.

O primeiro problema da caminhada espacial foi um rebite que teimava em não se soltar de um trilho. Depois de várias tentativas, o controle da missão na Terra sugeriu: "Arranca na marra!"

O astronauta respirou fundo e forçou a peça. Deu certo. Se ela se soltasse no espaço, viraria um pedaço de lixo espacial que poderia atingir o Atlantis e sua tripulação. Depois foi a vez de a chave-de-fenda elétrica ser vitimada por uma pane.

"Ah, não, pelo amor de Deus!" --resmungou o astronauta, que precisou voltar ao Atlantis para pegar uma chave-de-fenda substituta. A interrupção custou uma hora e meia da caminhada espacial. A última saída dos astronautas deve acontecer hoje.

da Reuters

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u567420.shtml

quarta-feira, 22 de abril de 2009

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

E o carvão do churrasquinho?


A fonte de combustível para as grelhas a carvão vegetal existe há pelo menos 5 mil anos. Ninguém tem certeza sobre quem descobriu o carvão vegetal ou qual civilização fez uso dele pela primeira vez. Indícios de carvão vegetal foram encontrados em todo o mundo e muitas vezes era usado até mesmo nos processos de embalsamamento.

Você pode não saber, mas o carvão vegetal é obtido por meio da carbonização da madeira. A carbonização de lenha é praticada de forma tradicional em fornos de alvenaria com ciclos de aquecimento e resfriamento, que duram vários dias (as temperaturas podem alcançar até 538ºC).

Por que passar por um processo tão trabalhoso em vez de simplesmente queimar a madeira do jeito que ela está? A madeira úmida não favorece um cozimento muito eficiente. A madeira recém-cortada contém muita água, podendo corresponder a mais da metade de seu peso, enquanto que a madeira seca ao ar livre ou no forno contém menos água. Além disso, quando vivas, as árvores contêm seiva e uma ampla variedade de hidrocarbonetos voláteis em suas células, que evaporam quando aquecidos. Quando você põe um pedaço de madeira fresca ou papel no fogo, a fumaça que você vê é proveniente da evaporação dos hidrocarbonetos, que começa quando a temperatura atinge aproximadamente 149ºC. Se a temperatura subir o bastante, esses compostos se inflamam. Quando começam a queimar, a fumaça não é mais gerada, porque os hidrocarbonetos transformam-se em dióxido de carbono e água (ambos invisíveis).

Isso explica por que você não vê fumaça sair de um carvão queimando (ou da brasa). Esse processo expele todos os compostos orgânicos e deixa para trás os minerais não combustíveis na célula da árvore: o carbono e a cinza.

Quando se acende o carvão vegetal, o que queima é o carbono que se combina com o oxigênio para produzir dióxido de carbono, restando apenas a cinza. Essa queima e produz um calor muito intenso com pouca fumaça, tornando o carvão vegetal muito útil para cozinhar, uma vez que não vai encobrir o sabor da comida com os elementos encontrados na fumaça.

http://casa.hsw.uol.com.br/grelhas.htm
Muitas pessoas apontam como vantagem das grelhas a carvão vegetal a diferença em relação ao sabor. O carvão vegetal realmente dá um sabor distinto que não é facilmente reproduzido. É uma decisão difícil para muitas pessoas optar entre a conveniência de uma grelha a gás e o sabor da grelha a carvão vegetal.

A farinha pode explodir?

A farinha e muitos outros carboidratos tornam-se explosivos quando ficam suspensos no ar como pó. Basta cerca de 50 gramas de pó por metro cúbico de ar para que a mistura torne-se inflamável. Os grãos de farinha são tão pequenos que podem pegar fogo instantaneamente. Quando um grão pega fogo, ele queima outros grãos ao seu redor e a chama pode se alastrar por uma nuvem de poeira com uma força explosiva. Praticamente todos os pós de carboidrato, incluindo açúcar, mistura para pudim, serragem fina etc, explodem ao serem queimados.

Quando ouvir uma notícia sobre uma explosão em um elevador de grãos, saiba que foi isso o que aconteceu. Uma faísca ou uma fonte de calor inflamou a poeira no ar e ela explodiu.

Descoberta pode levar à criação de dentes em laboratório

da BBC Brasil

Uma equipe de cientistas da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, identificou o gene que controla a produção de esmalte dentário, a parte externa e dura dos dentes.

A descoberta pode abrir caminho para a reparação do esmalte sem obturações, a criação de dentes em laboratório e o fim das dentaduras.

Os pesquisadores descobriram esta função em testes com camundongos sem o gene Ctip2.

Este gene é considerado um "fator de transcrição" por regular a atividade ou expressão de outros genes. Já se sabia que ele tinha várias outras funções envolvendo respostas imunológicas e o desenvolvimento de pele e nervos.

"Não é incomum para um gene ter funções múltiplas, mas antes disto nós não sabíamos o que regulava a produção de esmalte dentário", disse Chrissa Kioussi, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Oregon.

"Este é o primeiro fator de transcrição que descobrimos que controla a formação e amadurecimento de ameloblastos, que são células que secretam esmalte."

Cáries

"Esmalte é um dos revestimentos mais duros encontrados na natureza, ele evoluiu para dar aos animais carnívoros os dentes rígidos e duradouros de que necessitavam para sobreviver", disse Kioussi.

A especialista acredita que pesquisas que incluam o controle do gene e a tecnologia de células-tronco podem, além de tornar possível a criação artificial de dentes, permitir ainda o fortalecimento do esmalte existente.

Com isso, seria possível reduzir cáries e a necessidade de obturações.

Algumas equipes de pesquisadores já haviam conseguido cultivar partes internas do dente em laboratório, mas não o esmalte.

A pesquisa foi divulgada no "Proceedings of the National Academy of Sciences".

Físico afirma que aquecimento global afeta rotação da Terra

da Efe, em Madri

O aquecimento global é um dos fatores que influencia a desaceleração da rotação da Terra, mesmo que muito ligeiramente, devido ao aumento do nível dos oceanos pelo degelo dos pólos, o que está afetando as marés e as forças de atração gravitacionais com a Lua.

Em entrevista à agência de notícias Efe, o astrofísico do Goddar Space Flight Center da Nasa (agência espacial americana) Fred Spenak, um dos maiores especialistas em eclipses no mundo e autor de vários trabalhos para a previsão destes, explicou seu trabalho sobre a questão.

Outro dos fatores que, segundo o especialista, está influenciando nesta desaceleração da Terra, cuja rotação não possui um ritmo constante, e que se resolve em termos práticos a cada período de tempo com o ajuste dos relógios atômicos, tem a ver com a composição interna do planeta.

O centro da Terra abriga um líquido quente que faz com que, na rotação, ocorram espasmos arrítmicos, como se fosse um "ovo cozido sacudido, no qual a gema se movimentasse repentinamente de um lado a outro", e isso influiria nas forças de atração gravitacionais.

Spenak disse que o cálculo preciso da velocidade da Terra em sua rotação é uma das chaves para prever os eclipses, um fenômeno transcendental para os cientistas.

O astrofísico destacou "não só a beleza visual" dos eclipses solares, mas também "a valiosa ferramenta que representam para o estudo dos mistérios que perduram em torno da composição do Sol".